Felicidade !

Um dia uma garota bebeu tanto do frasquinho da felicidade instantânea que pensou que iria desmaiar. Eram tantas estrelinhas brilhando em cima de seus olhos que a impediam de ver todos os olhares recriminadores que a acusavam o tempo inteiro, e então pensou estar feliz, pensou realmente que estava inteiramente feliz naqueles poucos minutos de êxtase do frasco que tomara. Não demorou muito como todos sabem para ela perceber a besteira que havia feito. Como qualquer um que erra ela começou a chorar, e depois percebeu que não era felicidade que havia experimentado e logo pensou que havia errado de frasco, mas estava certo, lá dizia "feliciade instantânea". Ela não havia cometido dois erros seguidos.
Logo viu que sua vida não era um mar de rosas, mas também não era uma selva de onças e jaguatiricas selvagens que queriam mordiscar seu corpo como um espetinho de coração. Era apenas uma vida com espinhos e caquinhos de restos de lágrimas que cristalizaram pelo chão de mármore frio.
Um dia já havia sido quente, mas de tantos caquinhos que ela jamais recolhera, todos se juntaram, como poeira, quando o chão tem tanta vontade de voar.
Então percebeu que as coisas não poderiam continuar assim, ela congelaria em menos de alguns dias. Comprou um aquecedor, mas nenhum efeito sobre ela ele fazia. Percebeu que o problema era com seu aquecedor interno, devia haver algum tipo de problema, um defeito de fabricação, algum erro bem grave quando ela deixou de acreditar no amor, seu coração desligou um botão, o da felicidade, o que ela procurara ao tomar o frasco barato vendido na farmácia. Viu que era tudo uma grande armação, quem devia fabricá-la era seu coração, com o botão desligado. Mas havia um problema, um grande problema em descobrir como religar o botãozinho que a deixara com tanto frio.
De tanto pensar sua cabeça pifou, então lembrou de sua caixinha de memórias perdidas, e lembrou de uma pessoa que fez seu coração trabalhar tanto que foi quando ele resolveu tirar férias, logo que bateu os olhos na fotografia seu coração deixou um pinguinho de esperança lá dentro e suas veias correram o mais rápido que puderam, mas foi inevitável, seu coração voltou a bater muito rápido, e quase ligou o botão maldito mas não conseguiu tanta força assim.
Quando virou a página, deparou-se com uma foto muito pior, era daquele abraço, de um que ela nunca tinha dado, então desenhou. Desenhou tudo como deveria ser, desenhou atpe seus longos cabelos dourados ao vento, como queria que acontecesse caso o abraço ocorresse. Mas esse dia nunca chegou e seu coração congelou. Congelou tão rápido que ela nem percebeu tanta dor, mas ardia como se estivesse pegando fogo, ardia de tanta dor. Depois seus braços caíram pela poltrona cor de café e seus sapatos salto 15 deixaram seus pés mais confortáveis ao caírem pelo chão. Ela percebeu que suas maiores decepções causaram tanta dor, e suas memórias jamais esquecidas de fotos nunca tiradas eram as que mais doíam.
Num súbito momento de euforia, ela resolveu rasgar a foto, com o pouquinho de força que tinha restado, então quando o pedaço rasgado caiu, atrás estava um bilhete de seu grande amor, aquele que ela nunca tinha esquecido, e nele dizia algumas palavrinhas mágicas nunca antes escutadas, apenas em sonho, de tanta alegria que voaram de seus olhos seu coração denovo disparou.
Ela voltou a encher-se de alegria, e seu corpo a seu controle voltou. Suas pernas com rápidos impulsos de pé ficaram e ela de olhos fechados sentindo o sol em suas mãos denovo o abraçou, o abraçou bem forte nesse sonho como nunca antes ousou.
E assim esse dia jamais esqueceu, e guardou junto na caixinha de memórias nunca antes vividas o dia em que quase morreu.