Eu deveria saber que as coisas seriam sempre assim,

 que passam somente por um curto período de tempo, tá legal não foi tão curto assim, mas comparado ao que eu esperava, talvez seja curto. Ou talvez não, não é? Se tudo é questão de ponto de vista, quem sabe eu devesse mudar minhas perspectivas, e pensar que bacana, que ainda estou viva. Mas não, eu não sei pensar como uma moralista o faria. Eu penso em tudo que eu podia ter feito para evitar esse caos, em todas as falhas que tive, pra depois ser otimista e então voltar com meu plano F, para seu devido lugar, fora da gaveta e começo tudo denovo. Ou pelo menos tento, creio eu.
Mas o que mais tem me irritado ultimamente é em como eu queria contar tudo isso, mas jamais poderei, porque a vida é feita de grandes segredos, que sempre são desvendados no final da novela, mas como a minha é um filme mexicano, provavelmente o mocinho só descobrirá quando eu já tiver me embebedado com o veneno do frasquinho pequeno que eu gaurdara entre os peitos na fuga do Chevet na fronteira com LA. Pois é, rezo pra que demore mais um pouco esse fim, mas que chegue logo a cena em que rodeada com tantas perguntas e informações confusas na cabeça da mais bonitinha, que como o filme é meu, obviamente na razão de meu antropocentrismo excêntrico serei eu mesma minha personagem. Essa hora do desmaio, em que os olhinhos dela se abrem como um lírio da bandeira de Paris em pleno saque de Constantinopla. Bem nessa parte em que todos cuidam dela, e ninguém briga ou acha errado todos os meios que ela se utilizou para chegar até ali, mas todos somente comemoram e vibram por ela ainda respirar e estar melhor mesmo que em uma cama tomando um chá. Eu queria essa egocêntrica cena agora, porque eu realmente não queria ter que acordar denovo e não encontrar nem o mocinho, a estrada infinita ou o carro abandonado com o vestido de noiva no porta-malas relembrando do massacre do ensaio do casamento. Mas eu queria muito que não continuasse atrás de mim os rastros do que deixei para chegar até aqui, sendo que cada vez que dou um passo para a frente, todas essas bugingangas pesadas me puxam para trás, me fazendo dar meia volta e cair mais três passos daonde já tinha superado e subido esses degrais. É mais difícil subir todo o Everest carregando panelas de chumbo que percorrer a estrada texana deserta até Guadalajara? Te conto depois que as letrinhas do fim começarem a rolar. Você vai acordar e perceber que perdeu metade do filme da minha vida, e que só agora se deu conta do quão perdido estava em sua rota de jegue manco até o castelo medieval sem um senhor feudal em que eu estou enclausurada. Mas até agora, só sei dizer que dói.

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